terça-feira, 23 de setembro de 2014

Carta de Amor

Hoje fui inspirada pro trabalho. Acordei de bem com a vida, com -2kg no lombo. Gente, como é bom emagrecer, né? Ainda mais quando não se está numa reeducação específica (vai por mim, já tentei zilhões! e tô a caminho da zilhonésima-primeira). Isso de tanto correr atrás de criança. Ai, como amo a Educação Infantil, minha gente! Crianças correndo, melequentas, cheias de trancinhas, te dando oi e mostrando o rabisco chamado de desenho que elas fizeram. Uma delícia! E toda vez que vejo uma grávida, fico pensando "ai que bom... mais crianças pra fazer a alegria da minha profissão no futuro!" Se bem que pra fazer a alegria da minha profissão elas precisam ter problemas. Oh, droga. Acabo de me dar conta de que meu desejo é meio... sádico. 
Tá, mas vocês entenderam.

Coloquei um tênis pela primeira vez em... 5 anos. Pois é, gentem. Tava um "pouco" sedentária, né?! Nota-se! Sabe que achei bem confortável!? Fiquei uma tarde inteira sem dor nos pés. Uma beleza! Bom que trabalhar com criança correndo pra cima e pra baixo vai de fato me fazer perder peso... Eu querendo ou não. Ok, vou tentar não comer muito cookie. Ou batata frita. Ou sushi. Vai que perco 10kg daqui até o fim do ano, né?! 


Então, pípou! Eu queria compartilhar hoje com vocês uma música-oração muito da boa, da Maria Bethânia. É bem ecumênica, vale pra todos que tem alguma fé. Acho ótima. A letra fala de todas as companhias que se tem, do quanto a gente se sente protegido perante a tanta coisa ruim, tanta maldade que vemos. E mostra também como nos sentimos perante a essas pessoas que têm atitudes ruins... Nos sentimos guardados tanto por proteções externas quanto pelo nosso próprio mental. É aí que mora o segredo! Pensar que nada de mal jamais nos acometerá. E caso acometa, sabemos que a justiça acontece, mais cedo ou mais tarde. E se não acontecer? É porque a lição é tanto nossa quanto do outro, claro. Mas... entendem? Bom! Fiquem atentos à mensagem. Vou postar a letra que simplesmente me traduz e me arrepia a cada palavrinha. Segue também o link do vídeo, claro! 



Carta de Amor

Maria Bethânia


Não mexe comigo, que eu não ando só,
Não mexe não!

Eu tenho Zumbi, Besouro o chefe dos tupis,
Sou tupinambá, tenho os erês, caboclo boiadeiro,
Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris
Zarabatanas, curare, flechas e altares.
À velocidade da luz, no escuro da mata escura, o breu o silêncio a espera.
Eu tenho Jesus, Maria e José, todos os pajés em minha companhia,
O Menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos, o poeta me contou.

Não mexe comigo, que eu não ando só,
Eu não ando só, que eu não ando só.
Não mexe não!

Não misturo, não me dobro.
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo,
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim.
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo,
Garante meu sangue, minha garganta.
O veneno do mal não acha passagem
E em meu coração Maria acende sua luz e me aponta o Caminho.
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã, giro o mundo, viro, reviro.
Tô no recôncavo, tô em Fez.
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma, traço o cruzeiro do sul com a tocha da fogueira de João menino
Rezo com as três Marias, vou além, me recolho no esplendor das nebulosas
Descanso nos vales, montanhas
Durmo na forja de Ogum, mergulho no calor da lava dos vulcões, corpo vivo de Xangô.

Não ando no breu nem ando na treva
Não ando no breu nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva

Medo não me alcança.
No deserto me acho, faço cobra morder o rabo, escorpião vira pirilampo.
Meus pés recebem bálsamos, unguentos suaves das mãos de Maria
Irmã de Marta e Lázaro, no Oásis de Bethânia.
Pessoa que eu ando só, atente ao tempo.
Não começa, nem termina, é nunca é sempre.
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra, fulmina o injusto, deixa nua a Justiça.

Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão,
E pra onde você for, não leva o meu nome não
E pra onde você for, não leva o meu nome não

Onde vai valente?
Você secou, seus olhos insones secaram, não veem brotar a relva que cresce livre e verde longe da tua cegueira.
Seus ouvidos se fecharam à qualquer música, qualquer som, nem o bem, nem o mal, pensam em ti, ninguém te escolhe.
Você pisa na terra mas não sente, apenas pisa.
Apenas vaga sobre o planeta, e já nem ouve as teclas do teu piano.
Você está tão mirrado que nem o diabo te ambiciona, não tem alma.
Você é o oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo.

O que é teu já tá guardado.
Não sou eu quem vou lhe dar
Não sou eu quem vou lhe dar
Não sou eu quem vou lhe dar.

Eu posso engolir você, só pra cuspir depois.
Minha fome é matéria que você não alcança.
Desde o leite do peito de minha mãe, até o sem fim dos versos, versos, versos
Que brotam do poeta em toda poesia sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi.
Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
É pra regar o capim que alimenta a vida
Chorando eu refaço as nascentes que você secou.
Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio.
Vivo de cara pra o vento na chuva, e quero me molhar.
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi, cruzam o meu peito.
Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta.

Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só

Não mexe comigo!  





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